Noite
Beatriz da Conceição
Sou da noite um filho noite
Trago ruas nos meus dedos
De contarem os segredos
Aos altos campos do amor
E canto porque é preciso
Raiar a dor que me impele
E gravar na minha pele
As fontes da minha dor
Noite
Companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite
Céu dos meus casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Das canções que eu entreguei
Oh minha mãe de arvoredo
Que penteias a saudade
Com que eu vi a humanidade
A minha voz soluçar
Dei-te um corpo de segredo
Onde arrisquei minha mágoa
E onde bebi essa água
Que se prendia no ar
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