Bem Sertanejo

Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo
"Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo"

Quando a boiada passava e a poeira ia baixando
Eu jogava uma moeda e ele saía pulando:
"Obrigado, boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando"
Pra aquele sertão afora meu berrante ia tocando

Eu quero que risque o meu nome da sua agenda
Esqueça o meu telefone, não me ligue mais
Porque já estou cansado de ser o remédio
Pra curar o seu tédio
Quando seus amores não lhe satisfaz

Cansei de ser o seu palhaço
Fazer o que sempre quis
Cansei de curar sua fossa
Quando você não se sentia feliz

Por isso é que decidi
O meu telefone cortar
Você vai discar várias vezes
Telefone mudo não pode chamar

Você me pede na carta
Que eu desapareça
Que eu nunca mais te procure
Pra sempre te esqueça

Posso fazer sua vontade
Atender seu pedido
Mas esquecer é bobagem
É tempo perdido

Ainda ontem chorei de saudade
Relendo a carta, sentindo o perfume
Mas que fazer com essa dor que me invade?
Mato esse amor ou me mata o ciúme

De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão, eu quero voltar
Ver a madrugada, quando a passarada
Fazendo alvorada, começa a cantar
Com satisfação, arreio o burrão
Cortando estradão, saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
Sabía cantando no jequitibá

Pra minha mãezinha já telegrafei
E já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Pra terra querida que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O nhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer

País del pozo

Cada vez que viajaba por la carretera de Ouro Fino
Desde lejos vi la figura de un niño
Que corrió para abrir la puerta y luego vino a preguntarme
Toca el grito, muchacho, eso es para mí escuchar

Cuando el ganado pasó y el polvo cayó
Yo tiraba una moneda y él rebotaba
Gracias, ganadero, que Dios esté contigo
A ese bosque afuera mi grito estaba sonando

Quiero que taches mi nombre de tu agenda
Olvida mi teléfono, no me llames más
Porque estoy cansado de ser la medicina
Para curar tu aburrimiento
Cuando tus amores no te satisfacen

Estoy cansado de ser tu payaso
Haz lo que siempre he querido
Estoy cansado de curar tu pozo negro
Cuando no eras feliz

Por eso decidí
Mi teléfono se cortó
Marcará varias veces
Silenciar teléfono no puede llamar

Me preguntas en la carta
Que desaparezco
¿Puedo no volver a buscarte nunca más?
Siempre te olvidaré

Puedo hacer tu voluntad
Cumple tu pedido
Pero olvidar es una tontería
Es tiempo perdido

Sólo ayer lloré de anhelo
Volví a leer la carta, sintiendo el perfume
Pero, ¿qué hacer con el dolor que me invade?
Mata ese amor o mátame los celos

¿De qué me sirve vivir en la ciudad?
Si la felicidad no me acompaña
Adiós, Paulista de mi corazón
De vuelta a mi bosque, quiero volver
Ver el amanecer, cuando el pájaro
Haciendo amanecer, empezar a cantar
Con satisfacción, encauzaré el burro
Cortando el camino, estoy fuera galopando
Y escucho el grito del ganado
Yo sabía cantar en la jequitiba

A mi mami le he telegrafiado
Y estoy cansado de sufrir tanto
Esta mañana me iré
A la dulce tierra que me vio nacer
Puedo escuchar el gallo cantando
El chirrido nhambu en la oscuridad
La luna de plata despejar el camino
La hierba húmeda desde el anochecer
Tengo que ir a ver todo
Ahí es donde nací, allí quiero morir

Composição: