Eu vi na hora em que o piá cevou um mate
Num poronguito proporcional à infância
Gesto terrunho de quem já observara
O ritual comum em um galpão de estância

Sentou num cepo e após tomar o primeiro
Com inocência e altivez já fez menção
De alcançar o que, de jujo, tinha alma
Bondade pura, altruísmo e educação

O piazito vai dar bom!
Foi o que eu disse ao patrão
Terás orgulho do herdeiro!
E mais! Penso que o coração
Vai ter sempre a humildade
De quem entrou num galpão!

Eu vi na hora em que o piá pediu permisso
Pra entrar na prosa da peonada mais velha
Saber de domas, campos, tropas e rodeios
Achei bem lindo ver o que a gente espelha

Acarinhou um cusquito enrodilhado
Se levantou ao ver o capataz entrando
E ao ceder-lhe o cepo retovado
Vi fidalguia e amor se manifestando

Composição: Rogério Ramos / Nícolas Leal