Cara de gente
Corpo de bicho
Fome
Cara de fome
Corpo de gente
Bicho
Cara de bicho
Corpo de fome
Gente
Cara de gente
de fome
de bicho

Dou-lhe minha cara
Mesmo sem saber sorrir
Faço as minhas malas
Quando o jeito é insistir
Vê se me aquece
Corpo quente é corpo são
Vê se me esquece
Tenho a vida em minhas mãos

A verdade cala
Mesmo sem saber mentir
E a genética dos corpos
Vai te fazer parir
Enquanto a vista alcança
Não se perde a direção
Mas se a mente manda
Regra é contradição

O corpo que usa a inteligência
É o mesmo que nega a intenção
O gene da verdade
O gene da vontade
O corpo da estúpida visão

Quanto vale o sexo
Se não somos mais humanos
Ja não temos nexo
Amanhã seremos planos
Vivemos de gorjetas
E de sentimentos, não
Quem não vive, espreita
Desconhece a emoção

Antes sangro em versos
Depois preparo canhões
Quero estar por perto
No limite das razões
Lá, de cima do muro
Vejo o certo e o errado
Mas se estou no escuro
Um descuido e eu caio

O corpo que gera outro corpo
É o mesmo que vela a extinção
O gene da verdade
O gene da vontade
O corpo da estúpida visão
Genética dos corpos
Poética dos mortos
A culpa da estúpida visão
Genética dos corpos
Poética dos mortos
O corpo da estúpida razão

Composição: Ricardo Petracca