Que o Amor Não Me Engana

Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura
Duma mancha negra
Duma pedra fria

Que amor não se entrega
Na noite vazia
E as vozes embarcam
Num silêncio aflito

Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito
Muito à flor das águas
Noite marinheira

Vem devagarinho
Para a minha beira
Em novas coutadas
Junta de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
Pelo nascer do dia

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito
Muito à flor das águas

Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Que el amor no me engaña

que el amor no me engañe
con tu gentileza
Si de la vieja llama
La amargura apenas vive
de un punto negro
de una piedra fría

que el amor no se rinde
en la noche vacia
Y las voces se embarcan
en un silencio afligido

cuanto más separados
Pero tu grito se escucha
Muy cerca de las aguas
marinero de la noche

ven despacio
a mi borde
en nuevas coutadas
articulación de una hiedra
nacen flores rojas
por primavera

para que supieras
hermana alondra
dime si esperas
por el amanecer

Y las voces se embarcan
en un silencio afligido
cuanto más separados
Pero tu grito se escucha
Muy cerca de las aguas

marinero de la noche
ven despacio
a mi borde

Composição: Zeca Afonso