Macega da Ilusão
Adão da Viola e Nenê Carlos
Sem a chincha do aconchego
De uma vida segura
Hoje relembro o passado
Vivendo uma vida dura
A selva de pedra fere
Leva o caipira à loucura
Essa é a triste história
Que este poeta tortura
Eu nasci numa restinga
Num recanto iluminado
Onde a lua faz morada
Num céu todo prateado
Urutau lá canta triste
Nas quebradas do cerrado
Sem a cerca do progresso
Eu vivia sossegado
Eu troquei a liberdade
De uma vida caipira
Por um mundo de aflição
Onde até o medo transpira
De medo do que dá medo
Dessa loucura que expira
A ganância da trincheira
Ela aponta e sempre atira
Meu sítio virou saudade
Fonte de recordação
O trilho lá da rocinha
Tem asfalto sobre o chão
A rocinha hoje é fábrica
Que produz poluição
Minha enxada só capina
Macega da ilusão
Meu sertão me reconhece
Toda a vez que eu vou lá
Me recebe em sinfonia
O maestro sabiá
Na estradinha da chegada
Sinto a brisa me tocar
Então o despertador
Em um som assustador
Diz que é hora de acordar
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