À BRASILEIRA
Basti de Mattos
Meu irmão, irmã
Galego, galega
Limão rosado estrangeiro
Olhar alemão
Em seus olhos verdes, azuis
Debaixo de suas franjas loiras
A boca às vezes diz doída
Palavras fundas
De uma dor que se enraíza
Nas dores africanas
E a mão tece carinhos
De gentil ingenuidade indígena
Minha irmã é morena índia
Tem tenacidade de imigrante
E filha que só fala inglês
Eu não
Sou da cor de marfim
Com cabelos portugueses
Um corpo grande lânguido
Que originou Gabriela e Iracema
Cheirosas com gosto de mel
Cubro o mundo
Com meu olhar
A minha voracidade é negra
Tenho a emoção da certeza
Do sangue eclético nas veias
O que não confronta, mas explica
A necessidade premente
De exercer a plenos direitos
A ira
De subjugável brasileira
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