Pixote, Um Brasileirinho
Naldo Luz
E o morro o que é?
Pois é
E o morro o que tem?
Tem força, tem fé
Tem o mal e tem o bem
Mas meu lamento
É pela situação
De quem tá no relento
Levando vida de cão
Tem que ser forte
E por Deus iluminado
Tem que ter muita sorte
Quem vê sufoco não enverga
Mas enxerga o lado errado
Foi na favela
Que eu passei a minha vida
E fiz amigos
Que eu quero muito bem
E eu tenho orgulho
Da minha Rocinha querida
Mesmo nas madrugadas perdidas
Foi no morro que aprendi ser alguém
Ser alguém
Mas peço socorro
Pro menino franzino
Tão pequenino e de pé no chão
Que cheira cola, não vai a escola
E não come pão
Jogado a sorte, lá vai Pixote
Só e ainda sorrindo
Flertando com a morte
Se desconstruindo
Pelo bandido, ele tem admiração
Quer ser fogueteiro, olheiro
Acha maneiro a pistola
E a grossura do cordão
Coitado dele, não?
Coitado dele, por nascer nessa nação
Quanto diabo pra atentar
E falta um anjo pra pegar na sua mão
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